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Resenha: Russian Red - Agent Cooper (2014)

Hoje em dia fazer uma mudança ou dar uma repaginada no estilo é quase uma luta pela sobrevivência de muitos artistas por aí diante de um mercado/público cada vez mais exigente. Talvez o objetivo não seja nem sobreviver, mas apenas satisfazer um interesse pessoal de parecer diferente aos seus próprios olhos e por extensão reafirmar seu talento, sob novas condições, de alguém que fez um bom disco um dia. Essas são algumas das ideias que podem justificar a mudança condicional que algumas cantoras solos apresentam depois de alguns discos lançados. Uma delas explica a rebeldia sem causa da Kate Nash com seu segundo disco My Best Friend Is You (2010) e a bipolaridade pop/rock da Ida Maria com o Katla (2010).

Isso também aconteceu com a espanhola Lourdes Hernández conhecida como Russian Red que lançou seu terceiro disco chamado Agent Cooper. Sua ascendência começou com dois discos agraciados pela inocência e o doce de uma cantora jovem, jeitosa, trilhando os caminhos do pop tal como She & Him e uma Feist vista de uma certa distância. I Love Your Glasses (2008) e Fuerteventura (2001) só não são idênticos porque a cantora colocou pequenos vieses rítmicos no segundo que contrabalançaram a leveza do primeiro. Isso ficaria mais evidente e mais preciso em Agent Cooper com a cantora diminuindo a meiguice de menina para inserir um postura incisiva na delicadeza de uma mulher.


O disco foi produzido por Joe Chiccarelli que já trabalhou com uma leva de gente grande como White Stripes, Morrissey, The Strokes, U2 entre outros cuja mão foi usada para modelar o som da cantora, sem desfigurar sua voz, para encaixá-la em um som mais pegado. Basta ouvir as iniciais Michael P e John Michael e perceber as guitarras projetando um plano incomum para Russian Red soltar a voz com um timbre mais arrojado. Esse peso mais real que não existia antes não a intimida muito, coisa que em Stevie J já é possível sentir a cantora mais à vontade e mais familiarizada com os barulhos das guitarras ao seu redor.

Uma ligeira curiosidade do disco é que as dez faixas receberam um nome masculino ou sobrenome para cada uma. Casper, que talvez não seja um desses nomes, é a próxima música que impressiona com um baixo e guitarra remetendo a uma fina camada post-punk apresentando uma cantora empolgada com a mudança de visual. É quase inacreditável presencia-la pisando em um terreno distante do dela nessa faixa que contém uma projeção inicial interessante, mas interrompida por um refrão pop acionado inesperadamente. Em seguinda, ...Xabier é um alinhamento refinado dos três discos que culmina numa calmaria em contraste com a explosão de guitarra no meio da faixa.

A pegada roqueira encorpada na linha pop da cantora surte efeito com Anthony e não nos deixa com saudade das baladinhas adocicadas de antes. A fórmula usada é repetida em William e Alex T com uma cantora ainda sendo pop, mas soando rock. Mesmo que voltar ao passado em Neruda e Tim B pareça ser uma boa alternativa, existe sempre uma guitarra ditando o passeio no tempo ao lado de Russian Red que ousou, inovou e melhorou!

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