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Resenha: Maxïmo Park - Too Much Information (2014)

Foi-se o tempo em que o indie era o principal pedido para rodar no nosso player dada a popularidade em que o estilo se encontrava (principalmente quando o disco da vez era do Franz Ferdinand, Arctic Monkeys, The Kooks entre outras bandas). Era quase unanimidade apontar uma delas como favorita e defender a todo custo seu disco sem haver margem para erro. O tempo passou e as invenções em cima do estilo foram ganhando cada vez mais espaço deixando muitas bandas com esse gene sujeitas a redundância em seus novos trabalhos. Não que ele tenha perdido a graça, afinal, ainda existe banda que faz o feijão com arroz bem feito sem precisar temperá-lo com muitos ingredientes, mas muitas bandas acabam perdendo a possibilidade de fazerem algo diferente daquilo que já fizeram.

O Maxïmo Park entendeu bem esse risco e preferiu não fazer algo que relembrasse o álbum de inicio "A Certain Trigger" (2005) ou até mesmo o mais recente "The National Health" (2012). Em seu quinto disco, "Too Much Information", Paul Smith e companhia apresentam um Maximo Park amadurecido, desprendido do passado, apenas o visitando pontualmente (para não se desapegar tanto assim). A faixa Give, Get, Take se propõe a isso logo de cara com a banda alongando os instrumentos, os estimulando a ganharem velocidade com um teclado de figurante para dar volume a música. O que vem depois disso, Brain Cells, estranha momentaneamente com o grupo apostando mais na new wave, numa ligeira referência ao Depeche Mode, funcionando como um escape para fugir da mesmice.


É nessas possibilidades que o Maxïmo Park vai encontrando meios para atingir seus objetivos, contendo sua euforia e entrando num plano mais racional. Leave This Island tem essa característica marcada por uma melodia harmoniosa com Paul amortecendo sua voz para agraciar a faixa que talvez seja a baladinha que eles sempre quiseram fazer. O disco vai apontando para uma evolução algumas vezes baseada em referência/influência de outras bandas, como na faixa Lydia, The Ink Will Never Dry em que aparece uma pincelada “smithiana” na guitarra do Johnny Marr.

My Bloody Mind soa como uma recordação funcional de antes. Para não ficar bitolada nisso a banda demonstra iniciativa para usar outras texturas de maneira mais expressiva. São elas que definem a flexibilidade de usar o post-punk como plano de fundo de Is It True. O revival é destacado em Drinking Martinis com um baixo mais denso tomando a linha de frente nos fazendo sentir saudade do Carlos Dengler no Interpol. A faixa foge de um padrão linear por detalhes quando riffs aparecem numa inexplicável sobreposição para deixar uma marca sugestiva na música.

As quatro últimas faixas do disco se diferenciam entre si criando esferas próximas como no caso de - I Recognise The Light e Midgnight On The Hill - ou distantes como na hiperativa punk Her Name Was Audre e o conformismo pop de Where We're Going que encerra o disco brilhantemente. O Maxïmo Park conseguiu fazer um disco bem feito que fugisse do clichê indie embora esse não seja totalmente dispensável.

P.S. Na versão deluxe há um cover de Fade Into You do Mazzy Star com o Maxïmo Park incorporando o espírito da música.



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