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Melhores Discos de 2013 (05 - 01 + Sigur Rós)

Sabe aquela estranha sensação de quando você está esquecendo de alguma coisa?! Pois é! Preparando a lista dos melhores do ano no Rate Your Music tinha colocado o Fade do Yo La Tengo entre os 10 melhores discos há uns meses atrás. Porém criando uma lista paralela no meu bloco de notas para postar no blog e na correria do dia a dia acabei esquecendo deles inconscientemente. Para não cometer essa injustiça resolvi dar um jeito de encaixá-lo em uma posição merecida na lista que já estava finalizada alterando a formatação dela. Assim sendo, a lista corrente tem o Holy Fire do Foals como 1º na lista, mas o título de melhor disco ano vai apropriadamente para o Kveikur do Sigur Rós.

05. The National - Trouble Will Find Me
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O The National é uma das poucas bandas que desde sua existência nunca lançou um disco ruim ou que nos desse motivo para duvidar de sua qualidade. Isso não é uma álibi para concluirmos que a banda lança um disco novo melhor do que seu antecessor. Antes disso, a banda nos convida a analisarmos seus discos individualmente e é nessa perspectiva que encontramos um The National contido em seu novo disco Trouble Will Find Me. No disco não há obstáculos intransponíveis que nos impeça de chegar no destino final e perceber as virtudes do grupo expressas com certa elegância em faixas como Demons e I Need My Girl. O momento de maior exposição deles aparece em Don't Swallow The Cap e Sea Of Love quando a banda atinge ares mais expressivos. Trouble Will Find Me não é o melhor disco do The National, mas está bem etiquetado com o selo de qualidade assinado por Matt Berninger.


04. Yo La Tengo - Fade
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Fade foi lançado no começo do ano e logo na primeira audição um forte pensamento começava a fazer sentido de que esse seria um dos discos do ano sem precisar de muito esforço. O grupo americano de quase trinta anos de carreira faz o disco funcionar de uma maneira simples e prática estabelecido numa estética lo-fi bem marcada em faixas como Stupid Things onde é possível ouvir a batida seca da bateria e a passada de notas da guitarra e baixo. O Yo La Tengo toca com personalidade e foge da previsibilidade pra criar um disco honesto estendendo o convite pra nós ouvi-los tocar em casa e apreciar uma canção serena como I'll Be Around. Todo esse tempo de existência não agrediu a disposição da banda e com riffs de guitarra bem afinados dão uma arrancada em Ohm sem suspirar. A levada de Is That Enough é outro atrativo do disco apontando a maturidade de uma banda dada a fazer belos discos.


03. Arcade Fire - Reflektor
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Nossa orelhas ficaram em pé quando o Arcade Fire anunciou seu quarto disco de estúdio e ficaram ainda mais antenadas quando a faixa Reflektor ficou no repeat on repeat por vários dias no player. Saber das partes envolvidas na elaboração do disco, Arcade Fire e James Murphy, nos deixaram ainda mais fissurados para ouvir o disco. Quando Reflektor começa a tocar a expectativa vai criando forma e o Arcade Fire vai reluzindo de novo na nossa frente. O disco tem pinta de soberbo e canções como a apoteótica Here Comes The Night Time e a intrépida Normal Person corroboram esse feitio. O audacioso Arcade Fire vai em busca do inusitado encontrando meios para idealizar o real, diferente daquilo que já foi construído por eles. É como se em cada álbum deles houvessem um roteiro dividido em começo, meio e fim. Reflektor veio contextualizado e traz o mito Orfeu e Eurídice estampado na capa e na dobradinha lírica de Awful Sound (Oh Eurydice) e It's Never Over (Oh Orpheus). Com criatividade, ousadia e alguns exageros o Arcade Fire deu mais um passo importante na sua história.


02. David Bowie - The Next Day
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Após dez anos de hiato, Sir David Bowie resolveu sair da inatividade para ensinar as crianças como se faz um disco bem feito. Em The Next Day, o cantor mantém sua integridade roqueira sem precisar fazer uso de novas tendências habituais de hoje em dia. Bowie não enxerga limites a sua frente e sua disposição em cantar é percebida no decorrer do disco principalmente em The Next Day, The Stars (Are Out Tonight) e How Does The Grass Grow?. O rock é o caminho seguido pelo cantor que vai cravando canções certeiras como a melancólica Where Are We Know? e agressiva I'd Rather Be High. De maneira inteligente Bowie não faz o disco oscilar de uma canção para outra exigindo um esforço e paciência da nossa parte para chegarmos nas faixas inteiros, com vontade de ouvir o disco na íntegra. Cada faixa tem uma energia positiva acumulada em diferentes níveis que quando a escutamos uma carga é liberada para nos deixar no pique para encararmos o disco com satisfação.


01. Foals - Holy Fire
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O Foals é uma banda que desde seu segundo disco de estúdio, Total Life Forever (2010), vem mostrando um jeito mais impulsivo de lidar com os instrumentos. A característica dance punk que ficou bem destacada no debut Antidotes (2008) foi se dissolvendo até desaparecer por completo em seu terceiro disco, Holy Fire. Basta ouvir a simetria das guitarras ganhando riffs mais velozes e impulsivos estimulando os vocais a se exaltarem na faixa Inhaler. O math rock, e seu vai e vem de guitarra, por vezes distorcidas, hora alinhadas, veio à tona junto com um Foals funcionando a todo o vapor como na amostra art rock de Providence. A agressividade presente nesse disco tem seus picos altos como a própria Inhaler e Bad Habit revelando um Foals disposto a extrapolar limites e encarar uma gravidade mais pesada. Apesar de não fazer uso do dance punk como no Antidotes ainda é possível arriscar uns passos tímidos na faixa Out Of The Woods. É com bravura e um instinto voraz que o Foals criou um dos melhores discos do ano.


(+) Sigur Rós - Kveikur
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Atualmente, dentro do cenário alternativo e afins, o Sigur Rós é uma das bandas mais conceituadas por sua singularidade sonora. Kveikur, sétimo álbum do grupo, veio mostrar um lado mais vigoroso da banda. O minimalismo predominante em seus trabalhos agora se mistura a um som mais inflamado de guitarras mais assíduas. Ísjaki - uma das melhores músicas do ano e uma das canções mais pop do grupo - contém um som energético apresentando um Sigur Rós mais ousado. Marcados pela expressividade e a harmonia de múltiplos elementos sonoros em suas músicas, Jonsí e companhia jogaram por cima de um plano leve uma textura cheia de ruídos como nas faixas Brennisteinn, Hrafntinna e Kveikur. (Nota retirada da resenha do disco publicada aqui.)

Depois de criar um disco preguiçoso, Valtari (2012), para contemplar uma calmaria, o Sigur Rós desperta nossa atenção pela sua objetividade em criar um som mais abrasador que contrastasse com seus trabalhos mais recentes, sem perder a harmonia, sendo capaz de viver na melancolia e na alegria para fazer o melhor disco de 2013.

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